Oportunidades na Indústria de alimentos

dezembro 19, 2007

Automatização de processos encabeça lista de prioridades da indústria de alimentos

por IT Web, 19/12/2007

No setor, ter pessoas especialmente dedicadas à pesquisa e desenvolvimento é realidade para 58,3% das empresas

Utilizar a tecnologia para agilizar os processos manuais das fábricas de produtos alimentícios a fim de torná-los mais seguros e eficazes foi a solução encontrada pelas três primeiras colocadas entre as empresas do setor de alimentos, bebidas e fumos em As 100 + Inovadoras no Uso de TI. O campeão da categoria e 8º no geral, o frigorífico Friboi, do Grupo JBS, automatizou seu processo de pesagem de alimentos em busca de controles mais rígidos. O processo com os alimentos difere da linha de limpeza, também fabricada pela companhia e que tem pesos exatamente iguais. “Não existe uniformidade no tamanho das peças. São características e pesos diferentes”, explica o diretor de tecnologia, Rogério Peres.

A maior necessidade enfrentada era rastrear estes produtos, ou seja, obter uma gestão individual de cada item para saber a sua origem e o seu destino. Peres explica que as caixas vão para uma linha de contagem, que pesa o produto. A partir disto é feita uma identificação pelo código de barras, depois entram num túnel de congelamento, onde são aplicadas as etiquetas contendo as suas características. Utilizando equipamentos nacionais, a maior dificuldade se concentrou no treinamento da equipe, que não foi reduzida.

Segundo Peres, o Friboi é pioneiro no setor a utilizar este modelo de controle dos produtos fabricados. O sistema opera apenas em uma de suas fábricas devido à necessidade de espaço, mas o diretor conta que há intenção de expandir o projeto para a nova sede, em Mato Grosso, no próximo ano.

Exemplo de desenvolvimento
O pioneirismo na instalação gerou, em princípio, certa insegurança na equipe de tecnologia do Friboi. “Não tínhamos uma referência. Foi preciso criar um modelo de operação do zero”, relata Peres. Concluído em oito meses, o projeto propiciou para o frigorífico informação correta e aumento da produtividade. A ousadia para levar a cabo a automação do processo de pesagem de alimentos provém de um núcleo especialmente focado em inovação dentro da TI do Friboi. Dos 70 funcionários do departamento, três profissionais são responsáveis por desenvolver aplicações e ferramentas para facilitar ou inovar o modo de trabalho dos usuários. No setor, ter pessoas especialmente dedicadas à pesquisa e desenvolvimento é realidade para 58,3% das empresas participantes de As 100+.

A pesquisa aponta ainda que 33% das empresas direcionam profissionais de TI especialmente para gerenciamento de programas, porém, o setor de alimentos, bebidas e fumos foi o que apresentou a menor média no ranking geral nesta questão.

Os resultados positivos dos projetos de inovação do Friboi no Brasil colocaram-no como exemplo para as suas sedes da Argentina, dos Estados Unidos e da Austrália. Foi o caso do “ERP Friboi”, usado aqui desde 2000, aplicado no país vizinho em 2007, e que chegará à América do Norte e à Oceania no próximo ano. “Serão cerca de três mil usuários norte-americanos utilizando um ERP totalmente brasileiro”, orgulha-se Peres.

Segundo o executivo, o diferencial do software de gestão, desenvolvimento internamente, está na sua funcionalidade que gerencia todas as áreas de negócios. “As empresas costumam ter um sistema de indústria que comunica com o ERP. Aqui isso é diferente, é um sistema que gerencia todas as áreas”, explica. “Colocamos na balança o custo desta implementação e concluímos que valia a pena, além do que, como dominamos o sistema, pudemos listar os benefícios para os 700 argentinos que iriam acessar o nosso ERP”, explica.

Na mesma direção
Controle de rastreamento foi também umas das tecnologias que a equipe da fabricante de alimentos do Grupo Mabel (Cipa Industrial) investiu em 2007. Por meio de um sistema de GPS, a companhia pode monitorar a rota dos vendedores e ainda verificar quais clientes foram visitados e o desempenho destes profissionais.

Em um ano ativo, a empresa facilitou o processo de recebimento de documentos eletrônicos por meio de um sistema de troca eletrônica (EDI, na sigla em inglês), adotou um sistema de gerenciamento de vendas (BIS, do inglês business intelligence sales) além de implementar o PABX IP (que torna o notebook um ramal móvel), reestruturar a segurança da informação, entre outras implementações focadas na automação dos processos internos. Tais projetos renderam à Mabel a terceira colocação na categoria e 38ª na geral. Para o ano que vem, a companhia já tem projetos desenhados e prevê um orçamento para TI de R$ 2 milhões.

O foco de inovação da segunda colocada na categoria e 15ª no geral, o grupo de usinas Zilor – antigo Zillo Lorenzetti – esteve na automação do fluxo de caixa e na melhoria e revisão do BI, com a intenção de diminuir a complexidade destes processos e permitir a integração da empresa por meio de sistemas. De acordo com o principal executivo de TI, Wellington Brigante, a Zilor é a primeira na automação de SAP entre as empresas do setor. “Estamos sempre preocupados com a nossa modernização e atualização”, afirma.

Para seguir neste caminho, Brigante conta que, neste ano, a TI priorizou ouvir as áreas, captar as suas necessidades e as demandas. O que implica, ainda de acordo com o CIO, em treinar a equipe e capacitá-la. Um bom exemplo de que a tendência da TI, dentro das empresas, é cada vez mais de gerenciar tarefas e não apenas implementá-las.

Mas a TI da Zilor não viveu somente de mapeamento em 2007. Com o apoio dos 25 funcionários que integram a equipe, a fabricante investiu na atualização do SAP e encontrou também melhorias funcionais baseadas na arquitetura orientada a serviços, obtendo, assim, uma infra-estrutura mais ágil e flexível.